segunda-feira, 1 de julho de 2013

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ato nobre  
                         
... e o mais jovem, compadecido da situação do seu desconhecido colega de sarjeta, “cavalo-babão” do Largo, banco concreto semicircular, senta ao lado.  Tão quieto como sentou, saiu.

Logo mais, volta com meia dose de pinga e uma xepa de cigarro qualquer que catara. Oferece ao ilustre desconhecido amigo.

Este, mão esquerda já petrificada por falta de comando, maxilar inferior com a única arcada, também já travando. Em elegantes apelos, pronúncia e linguagem corretíssimas - o que sugere se tratar de um “ser bem formado” - desespero de causa nos R$2,00 implorados para tomar uma pinga... tão triste quanto tétrico; referenciais à vida perdida, sem volta (?)

Senti a cena: um anjo atenuando dor alheia; sem cobrança, refletindo o próprio futuro, talvez; talvez disfarçado de mendigo igual, menos sofrido, em missão de conforto em umbral do negativador álcool, tão decente tal lama sólida falsa-escarlatinada como qual rosa-sangue em flor da pele.

E, num surto de fuga à fé, tentamos evitar umbrais-infernos onde mais longe exatamente ao lado estamos.

Enxergar por quê?

Estar fora cega... dentro, mais ainda!



                                                  (Rogger)

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