sexta-feira, 17 de julho de 2015



A quem interessar possa;
A quem se encontrar queira!
(liberdade é do Espírito)

 

O LOUCO

Khalil Gibran

Perguntais-me como me tornei louco.

Aconteceu assim:
um dia, muito tempo antes
de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo
e notei que todas as minhas máscaras
tinham sido roubadas 
- as sete máscaras que eu havia
confeccionado e usado em sete vidas 
-e corri sem máscara pelas
ruas cheias de gente,  gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"

Homens e mulheres riram de mim
e alguns correram  para  casa, com medo  de mim
E quando cheguei à praça do mercado,
um garoto trepado  no telhado de uma casa gritou:
 "É um louco!".

Olhei para cima, para vê-lo. 
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua,
e minha alma inflamou-se  de amor pelo sol,
e não desejei mais minhas máscaras.
E, como num transe,  gritei:

"Benditos, benditos os ladrões
que roubaram  minhas máscaras!"
Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade
como segurança em minha loucura:
e a segurança de não ser  compreendido,
pois  aquele desigual que nos compreende
escraviza alguma coisa em nós!


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