A quem interessar
possa;
A quem se encontrar
queira!
(liberdade
é do Espírito)
O LOUCO
Khalil Gibran
Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
um dia, muito tempo antes
de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo
e notei que todas as minhas máscaras
tinham sido roubadas
- as sete máscaras que eu havia
confeccionado e usado em sete vidas
-e corri sem máscara pelas
ruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos
ladrões!"
Homens e mulheres riram de mim
e alguns correram para
casa, com medo de mim
E quando cheguei à praça do mercado,
um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:
"É um louco!".
Olhei para cima, para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face
nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha
face nua,
e minha alma inflamou-se de amor pelo sol,
e não desejei mais minhas máscaras.
E, como num transe, gritei:
"Benditos, benditos os ladrões
que roubaram minhas máscaras!"
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade
como segurança em minha loucura:
e a segurança de não ser compreendido,
pois
aquele desigual que nos compreende
escraviza alguma coisa em nós!
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